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Mostrando postagens de 2009

PELA JANELA DO TREM

Pela janela do trem uma senhora com idade avançada, que fazia moradia nas ruas desertas de uma estação. Deixava o pensamento às pistas de uma vida marcada por infelicidades. A estação em que dormia, era um lugar frio de afeição. Quimera seria o destino daquela senhora, que vivera até certa idade dormindo no chão. Dos rastros que deixou do olhar triste que cruzou o meu, e da curiosidade e muita  inquietação, soube que não poderia amenizar sua dor. O que tinha herdado da vida aquela pobre senhora?  Era a mágoa incessante do roubo do seu único filho, uma doença mental, feridas, um bauzinho humilde, um cobertor e muito papelão. Não, dor de nunca poder ter o filho de volta. Para não tirar a esperança que a movia. Não quiseram contar a ela que o único filho, no qual tinha esperança que um dia a encontrasse e a levasse para um aconchego de um lar, há tempos tirou a própria vida se jogando em frente a um trem que passava com carvão. Ali bem perto da estação sombria. Esta

O QUE MAIS VOCÊ QUER?

O que mais você quer? (Martha Medeiros - do livro de crônicas "Doidas e Santas" ) Era uma festa familiar, destas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito, e que por isso mesmo são aqueles com quem a gente logo se entende. Jogada no sofá, uma prima não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia. "Olha pra essa menina. Sempre com esta cara. Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filhos. O que ela pode querer mais?" Nada é tão comum quanto resumirmos a vida de outra pessoa e achar que ela não pode querer mais. Fulana é linda, jovem e tem um corpaço, o que mais ela quer? Sicrana ganha rios de dinheiro, é valorizada no trabalho e vive viajand

DICIONÁRIO DA INJUSTIÇA

Denoto a palavra injustiça como unívoca à inconstância diária por sua preponderância atenuada a cada instante no cotidiano moderno. Só lembramos da injustiça para relevar os fatos, na prática, ela está inerente a todos os lados, basta parar e ver. Mas é no dicionário da vida, que este substantivo ganha relevância a cada momento, pois ela, a “injustiça” está escrita a cada esquina.  E o seu significado, predomina a cada praça, ascendendo nas calçadas e na vida hedonista do ser contemporâneo; que muitas das vezes, hostiliza-se para não enxergar que a sociedade herda como fruto podre, distribuído em migalhas daqueles que tem a fartura.   Nós, o povo, também compactuamos de alguma forma, para a crescente a latente do seu destino final, nos fazemos de leigos, para não atrapalhar o nosso ritmo frenético, achamos que é perda de tempo lutar contra os que pregam a justiça social. Nosso governo faz da injustiça sua própria jurisprudência, que, não distribui o bolo em partes igu