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Outsiders, quem são?


Aqueles que estão fora do ciclo da política, os chamados outsiders, venceram ás prévias na disputa presidencial dos EUA na semana passada.

É controverso, ver um candidato à presidência defender um discurso contra 11 milhões de imigrantes daquele país, - analisando dentro a proposta da teoria interacionista do desvio, principal objetivo de Howard S. Becker no livro Outsiders. No discurso elitizado, há um desvio, muito bem proposto pelo livro. Não, ainda não é do crime, como os estudos. Mas o deslocamento de foco, contra essas pessoas. Os chamados processos de imposição de rótulos sobre os que são designados como desviantes.

Seriam agora os imigrantes ilegais há anos os desviados?

Para a proposta que vale o pleito de 2016, sim. Tanto no livro, quanto na vida dessas pessoas, equaciona-se que os grupos sociais são compostos por regras que podem ser tradicionais ou de tradição. Imigrante é tradicional, para obter o pleito, vamos de tradição.  

Nessa gama de variedade de regras, são elas que definem situações de comportamentos, e pode ser propagada na forma de lei, dando exemplo: o discurso do pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos Donald Trump. Caso eleito, ele sustenta que, para ocupar a Casa Branca no pleito de 2016, deportará todos os imigrantes ilegais do país, segundo antecipou em entrevista divulgada no domingo passado pela "NBC".

Na política, Trump é considerado um outsider, por não ser do meio político, mas tem dinheiro, muito dinheiro.  No livro, o desviante das regras de um grupo é um outsider também, neste caso, os imigrantes ilegais também.

Sabendo disso. Quais seriam os motivos que esses indivíduos vêm causando o desvio?

Combater ás transgressões de regras dos EUA pode garantir a tão sonhada cadeira. Então, qualitivamente distinto, há um problema equacional para construir uma definição do desvio com imigrantes que estão por lá há décadas. É questionável, assim como no livro: se o pé de milho mais alto que o outro pode ser definido como desviante, pois ultrapassa o valor da media estabelecida do mesmo experimento.

Pois bem, as sanções informais, que podem ser de tradição, se configuram com os ilegalizados no país.  E, estão sendo usadas como mote na campanha para 2016.  Se a regra pode ser usada pela força da lei ou tradição. Eis, então, o lema da ruptura com os imigrantes dos 11 estados, caso esse outsider vença á eleição presidencial. Ganhando, é o poder de Estado que impõe a lei. Assim, a regra vai ser usada. Para muitos, é a tradição voltando ao País.


Se voltarmos um pouco, veremos que a sociedades europeias antigas, principalmente na Grécia Clássica, o trabalho manual era visto pelas elites como algo penoso e detestável. Cabia apenas para os chamados de inferiores, as camadas classes mais baixas. Na Europa feudal e medieval, o trabalho era considerado sem valor. Já foi considerado como maldição também.

E uma forma de estratificação imperante e ativa. Lá nos EUA, os discursos elitizados, bem utilizado nos motes de campanhas eleitorais, não se fala quem anda lavando a louça suja, trabalhando na construção pesada, olhando os filhos dos endinheirados e assim vai.  

Nas articulações políticas sim,  é quase um consenso orquestrado que a sobrevivência depende de ajustes, da condução do jogo, de saber adequar seus comportamentos às modificações do ambiente. E nessa imperação de poder e desigualdade estão os imigrantes como alvos.

Um reforço e tanto para estratificação social, já que homem social está relacionado com a estrutura de dominação que determina este processo. Se na esfera dos Estados Unidos da América, a hierarquia como forma vigente de organização do país vê a necessidade de deportação daqueles que ajudaram a economia de alguma forma. E se essa hierarquia, baseada na distribuição desigual de poder, e de privilégios sociais, que está à posição do individuo, ligada ao grupo ao qual ele faz parte. 


Como bem disse BECKER, Howard em seus estudos do desvio, quando uma pessoa infringe uma regra que foi estipulada pelo grupo, ela pode ser encarada como um outsider. Mas chama a atenção que a pessoa que foi rotulada, também pode considerar outsider aquela regra imposta, que seria o segundo significado do termo na visão do autor. E o questionamento, o outsider candidato não tem o termo só por estar fora do cerume político.

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