O relator na Comissão de Constituição
Justiça, na Câmara, Sergio Zveiter
(PMDB-RJ), mesmo sendo da base governista, não cedeu ás pressões e recomendou aprovação da denúncia contra o presidente Michel
Temer por corrupção passiva nesta segunda-feira (10).
Na leitura do relatório, Zveiter também rebateu a defesa do presidente sobre autenticidade das gravações e disse serem suficientes para abrir processo. Relator também lembrou do histórico do Supremo Tribunal Federal (STF), por levar em conta em processo judicial o uso de gravações feitas por interlocutores.
Após mais de cinco horas de debates, o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), aceitou o pedido de vista coletivo. Com o tempo maior, os integrantes da Comissão ganharam mais tempo, (duas sessões) para definirem se acompanham recomendação de Zveiter ou sinalizam arquivamento da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A discussão pela CCJ poderá ser retomada na próxima quarta-feira (12). Passando pela comissão, a peça acusatória passa a ser analisada pelo
plenário da Câmara. Para que o processo não avance para o STF, serão necessários para o presidente, 342 dos 513 deputados. O que pode levar ao afastamento de Temer.
O tom da política
Nos
bastidores a conversa é de derrota para o governo, que precisa de 34
votos favoráveis do 66 deputados da comissão. A CCJ conta também
com 66 suplentes que votam para aceitar ou rejeitar à denúncia do
procurador-geral, caso não tenha quorum
mínimo.
No final do mês passado, o presidente Temer foi acusado formalmente pela PGR
pelo crime de corrupção passiva com base nas delações de
executivos do grupo J&F. E situação do peemedebista pode se
agravar, já que Janot fatiou às denúncias com base nas gravações.
O
advogado de Temer, Antonio Mariz tem afirmado que acusação não é
consistente e reafirmou hoje na CCJ a falta de fundamento da denúncia mentirosa e que presidente não recebeu nenhum “vintém”.
Alianças
e saldo
O
presidente Michel Temer voltou do encontro do G20, em Hamburgo, na
Alemanha, fazendo contas de quantos parlamentares poderia contar garantir agenda de reformas, afirmam opositores.
E os sinais
já davam indícios nos últimos dias de que a denúncia não seria
arquivada já na Comissão como desejava defendia o governo.E que o número havia reduzido.
O retorno ao Brasil também trouxe na bagagem um saldo negativo com apagão diplomático e nenhum
encontro bilateral em viagem repentina que durou apenas 30 horas.
Por aqui, o tom de derrota já estava na boca da base do governo no domingo. E o processamento da denúncia do Ministério Público começou
a fazer mais efeito nessa manhã.
Ontem, o presidente passou o dia em reunião com ministros e a
base governista para tentar reverter o placar na CCJ. E mesmo
trocando nove parlamentares na Comissão, não convenceu o relator e a tendência que ele não consiga os votos necessários para barrar a peça
acusatória.
Para o vice-líder do governo, o deputado Carlos Marun
(PMDM-MS), que vem defendendo que votos são suficientes no plenário
quanto na CCJ, o tom hoje foi menos agressivo.
Desembarque do PSDB
A
semana não começou nada bem para o governo, que pode perder reforço
importante com o desembarque do PSDB, segundo maior partido de
aliados. A conversa ainda usa o 'meio termo", ficando em cima do muro.
Enquanto a confirmação não vem, o presidente e base tentaram um encontro com o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no domingo, para pedir apoio e
segurar o partido, sem tempo para reposta.
O
presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, já deixou claro que
saída do governo deve ser uma visão geral do partido. E o fluxo
segue um ritmo natural, disse. O governador de São Paulo,
Geraldo Alkimin (PSDB-SP), disse que não justificaria a permanência
do partido sem aprovação das reformas. O que indica que o
presidente da República não terá apoio suficiente para manter a governabilidade.
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