Denoto a palavra injustiça como unívoca à inconstância diária por sua preponderância atenuada a cada instante no cotidiano moderno.
Só lembramos da injustiça para relevar os fatos, na prática, ela está
inerente a todos os lados, basta parar e ver.
Mas é no dicionário da vida, que este substantivo ganha relevância a
cada momento, pois ela, a “injustiça” está escrita a cada esquina. E o seu
significado, predomina a cada praça, ascendendo nas calçadas e na vida hedonista
do ser contemporâneo; que muitas das vezes, hostiliza-se para não enxergar que
a sociedade herda como fruto podre, distribuído em migalhas daqueles que tem a
fartura.
Nós, o povo, também compactuamos de alguma forma, para a crescente a
latente do seu destino final, nos fazemos de leigos, para não atrapalhar o
nosso ritmo frenético, achamos que é perda de tempo lutar contra os que pregam
a justiça social.
Nosso governo faz da injustiça sua própria jurisprudência, que, não distribui
o bolo em partes iguais. O político recebe muito para trabalhar pouco, e o
proletariado, o assalariado trabalha o dia inteiro para receber um valor que
não paga nem sua alimentação.
A sentença da desigualdade está nas ruas, nas praças, a exemplo disso,
são os inúmeros idosos, que pedem ajuda para continuar sobrevivendo, como
pedintes, depois de trabalhar uma vida inteira. Este olhar desfalecido e as
mãos calejadas compadece um sentimento humanista, mas que se cala no meio da
multidão.
A injustiça também está inerente a quem procura o trabalho
informal. Em um ônibus, um jovem
distribui bilhetinhos pedindo uns centavos para comprar alimento.
O papel já está amarelando, mas o ensejo e a esperança ainda pairam em
seus gestos, no seu sorriso agradecido. Ele age como se fizesse justiça com o
seu próprio destino, correndo de forma ágil, no corredor da lotação para não
perder tempo. Mas para onde o tempo o levará?
O ônibus ameaça a sair, e o menino voador cata os poucos centavos que conseguiu
e recolhe o seu ganha pão.
Logo, outro garoto passa vendendo
suas balas e doces, a fala é decorada: “não estou aqui para roubar”, mas a expectativa
de dias melhores é a mesma no semblante ocular.
No sinal, o malabarista faz o seu show em troca de probidade financeira,
na praça a estátua viva compadece da atenção dos ouvintes apressados, a criança
é a única que se encanta, encanto esse que, está longe da vida do artista
anônimo. Ele se meche em forma de gratidão e pede dinheiro em forma de chapéu.
Virando a esquina, uma criança com as mãozinhas sujas a estende em nome
da mãe que no cantinho oculto consome droga sem parar. O olhar daquele pequeno
é doce e suscetível. Tão pequenina é a
injustiça se fez presente na vida daquele ser tão indefeso, que infelizmente
todos os dias lhe é roubado o direito de ser criança.
O morador de rua pede para exacerbar o vicio que atenua a vida dura que
leva, no acalanto do frio, na escuridão da fome, a bebida faz justiça ao
momento incrédulo: “bebo para não sentir”.
E, eis que o parlamentar visita o aglomerado e a injustiça é citada como
plano de governo, para a melhoria daquela gente: “não podemos compactuar com
isso”, grita o nobre candidato. Para se fazer justiça, o povo o elege o como
patrono, tão logo, no seu mundo oficial, ele se esquece dos insanos, e o nobre,
agora passa nas esquinas da injustiça com um carro importado, e assim o
dicionário da vida se reforma, sem neutralidade, sem dar direito a quem de fato
precisa.
Comentários
Realmente também me pego pensando...o que será de nós?esses que tanto prometem e depois quando encaram a realidade dão as costa,não tenho muitas palavras para escrever muitas das sem vergonhiçes de toda essa gente!
Sigue assim Lena vc irá longe!
Um beijo sua sobrinha Thaises
beijocas, Ana Clara.