Clima tenso entre Rodrigo Maia e a defesa do presidente Temer pode levar o desembarque do Democrata do governo
A semana começou com os vestígios da tensão entre o advogado do presidente Michel Temer, Eduardo Carnelós e o presidente da Câmara dos deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ). Envolvendo também o Supremo Tribunal Federal numa nova crise que pode abalar de vez a relação de Temer e Maia, após a divulgação da delação premiada do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, -apontado como o operador de propina para políticos do PMDB e ligado ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Rodrigo Maia aproveitou a situação para cobrar lealdade e lembrar o presidente de tudo que fez na construção da agenda e na primeira denúncia. Uma forma de refrescar a memória do peemedebista que ainda precisa da lealdade do democrata. Nessa oportunidade que teve, deixou a entender que a situação embaraçosa pode ter sido a gota d água para um rompimento. Vale lembrar que não é de hoje que ele vem demonstrando insatisfação com o apoio que tem dado ao presidente. No mês passado, às vésperas de a segunda denúncia chegar à Câmara, Maia ameaçou uma retaliação por parte do DEM em votações de interesse do governo com cobranças de respeito e a palavra de Temer. O mal-estar com o Planalto naquela época foi devido o PMDB ter filiado, no início de setembro, o senador Fernando Bezerra (PE), ex-PSB. O DEM estava negociando anteriormente a migração do parlamentar e de outros deputados para a legenda de Maia. Na época ele tratou a situação de ‘facadas nas costas’. O líder da Câmara, primeiro suscetível na linha de governo, têm projetos políticos para o ano que vem, ano de eleição, com o candidato que irá apoiar no seu berço eleitoral.
Nesse enredo, em plena tramitação na Câmara da segunda denúncia contra o presidente Temer que foi acusado pelo então Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por organização criminosa juntamente com os ministros, Moreira Franco (Secretaria-geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil), pesando ainda sobre o presidente o crime de obstrução de justiça. O que foi detalhando neste momento frágil na delação divulgada de Funaro que está preso pela Operação Lava-Jato, assim como Cunha. As declarações de Funaro embasaram juntamente com as delações da JBS, a formulação da denúncia da Procuradoria-geral da República ao presidente e a vários políticos. A previsão de votação da Comissão de Constituição de Justiça está entre os dias 18 e 19 deste mês, que teve relatório favorável do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) apresentado na semana passada. O governo que tem falado em pressa para que a denúncia seja votada antes do final deste mês, para focar na agenda de reformas, pode reaver a urgência na tramitação,para tentar recuperar o apoio de Maia e estancar a crise.
E o atrito ganhou mais um nó ainda no domingo, quando a assessoria do gabinete do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), informou que o ministro não retirou o sigilo da delação de Lúcio Funaro e que as gravações não poderiam ter sido divulgadas. O destinatário do material enviado pelo STF no dia 22 de setembro, tinha no ofício o nome de Maia. Os vídeos ficaram disponíveis no site da Câmara no dia 29, com início das divulgações duas semanas depois. Nesse montante de gigabytes foram disponibilizados até números particulares de pessoas envolvidas no processo, número e email particular do presidente da república também ficaram expostos. Arquivo denso e pesado que guarda muitas revelações que virão à tona nos próximos capítulos.
Após a divulgação, o presidente ficou recolhido em casa, no sábado, no Palácio do Jaburu e usou as redes sociais com o bicho de estimação no domingo, evidenciando um lado pouco comum dele com um cachorro de nome Thor. Na legenda falou de ums batalha nada fácil, mas o carinho ao bichano era fundamental.
Mas com a proporção do caso, pediu o ministro Antonio Imbassahy para tentar uma pacificação . O desejo era baixar a temperatura da crise, antes da viagem de Maia ao Chile, prevista para a próxima quarta-feira (18). Nos bastidores, o Planalto avalia, o gesto de Maia para se distanciar de vez e um sinal claro para a votação da denúncia na CCJ e no plenário da Câmara.
Mas com a proporção do caso, pediu o ministro Antonio Imbassahy para tentar uma pacificação . O desejo era baixar a temperatura da crise, antes da viagem de Maia ao Chile, prevista para a próxima quarta-feira (18). Nos bastidores, o Planalto avalia, o gesto de Maia para se distanciar de vez e um sinal claro para a votação da denúncia na CCJ e no plenário da Câmara.
Já no domingo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco disse em sua conta do twitter que, a delação de Lúcio Funaro, foi uma "encomenda remunerada" de Rodrigo Janot a Joesley Batista.
O presidente Michel Temer voltou a falar do assunto nesta segunda-feira, numa carta divulgada esta tarde para se defender. Nela, ele atacou Funaro e o ex-procurador-geral, Rodrigo Janot. E pediu apoio dos parlamentares adotando um tom de perseguição. Em um dos trechos, usou declarações do deputado cassado Eduardo Cunha para reforcar as críticas da delação e classificou Funaro de "mentiroso".
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