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Manter a boa e necessária governança nunca esteve tão difícil para o presidente Michel Temer. Desde que assumiu o comando diante de uma crise econômica e na sua própria gestão - devido à suspeita de corrupção, atravessado de um impeachment duvidoso, o peemedebista vai se sobressaindo das crises sem perder o foco nas reformas.
Mas para fechar a conta antes de selar sua passagem turbulenta, atingir o objetivo tem valor alto sem prazo de tolerância. E para pagar é preciso ter habilidade política. E diante da pressão não está se sustentando nem mesmo em sua base política.
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta quarta-feira (16), em Brasília, que o governo espera que a reforma da Previdência seja aprovada até a primeira quinzena de outubro na Câmara dos Deputados, para depois ser encaminhada ao Senado. Mas antes disso, precisará e muito dos aliados e apoio dos partidos.
Lembra da CCJ
Esse apoio caro ficou ainda mais evidente em duas votações recentes:
Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), que rejeitou no dia 13 de julho, por 40 votos a 25 e uma abstenção, o relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que recomendava o prosseguimento da denúncia contra Temer, apresentada pela procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva, - a conta foi cobrada antes da votação.
Passar lá custou muitas emendas e projeções de cargos. Na ocasião, as emendas parlamentares liberadas explodiram uma dia antes da votação, chegando no mês (julho) 2,1 bilhões – sendo 82% desse valor para a Câmara dos Deputados que avaliou à denúncia. O governo federal liberou mais verbas antes de votação na CCJ do que em todo 1º semestre .
O que gerou um outro relatório: a do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) que pedia não para que essa investigação chegasse ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A oposição precisava de 342 votos para rejeitar o relatório e autorizar as investigações pelo supremo. O resultado do plenário no último dia 2, foi favorável a Temer; com 263 deputados a favor com 227 contra, além das duas abstenções e 19 ausências.
A oposição comemorou o resultado ao final da votação. Já que na soma total com as abstenções e as ausências, o saldo era insuficiente por exemplo, para aprovar mudanças na Constituição, que são necessários 308 votos.
No PP, 37 deputados votarão a favor do relatório de Abi-Ackel, sete contrários e três faltas. Essa já cobrada. Explico a seguir.
Sem almoço grátis
Enterrado essa denúncia pelo menos enquanto se goza das prerrogativas como presidente da república, os partidos reforçam o que foi prometido. E não estão dando trégua em troca de apoio que serão necessários para o governo nos próximos dias.
Ontem por exemplo, o Diário Oficial publicou 58 exonerações e 107 nomeações. O que configurou a força do Centrão que levou o ex-prefeito de Marabá, no Pará, João Salame Neto para o cargo de diretor de um departamento do Ministério da Saúde. O departamento de atenção básica da secretaria de atenção à saúde que agora é comandado por Salame - que já foi citado na delação da Odebrecht - por pedir R$ 1,5 milhão para a campanha de Helder Barbalho ao governo do Pará, em 2014; é considerado estratégico na estrutura do Ministério, porque cuida da atenção básica, como o programa saúde da família.
A indicação dele foi feita por cinco deputados do PP que atende ao Centrão. O que desenha bem a ideia da força da expressão de que nada é de graça.
E para continuar agradando a base do Congresso e retribuir aliados, o governo segue com as nomeações e cargos em troca de apoio. O centrão que também e formado por partidos da base, não para com seu telemarketing ativo, alegando fidelidade e lembrança de partidos que têm cargos importantes, como PSDB. Os tucanos, votaram divididos no plenário; 22 a favor, 21 contrários e quatro ausências.
No Palácio do Planalto na quase rotina de mapeamento de fidelidade já ofereceu mais 40 cargos para deputados dando autorização aos líderes. E para próximas semanas estão previstos mais 100 cargos para o terceiro escalão, afirmam os 'aliados' nos bastidores.
O boleto chegou?
O conjunto de condições necessárias ao exercício do poder de governar de Temer sempre esteve no vermelho e a conta está quase indo å protesto. O tempo é curto mesmo diante das várias manobras políticas.
E é nas mãos de partidos que já apresentaram a conta, que o governo tenta chegar lá. Tendo ainda que admitir que a economia não prosperou com a apresentação na nova meta fiscal (que é o dinheiro que vai entrar, incompatível com o dinheiro que vai sair), com uma projeção negativa de 159 bilhões nas contas públicas em 2017 e 2018. Nessa casa dos 20% se configura com um rombo maior do que o previsto anteriormente, de R$ 139 bilhões para 2017 e R$ 129 bilhões em 2018.
O que enfraquece todo o contexto deixando um olhar desconfiado, longe do azul mais uma vez, sem sobras de dinheiro para a dívida pública por exemplo. Dificultando investimentos, geração de empregos e outros pontos importantes para o crescimento do Brasil como alegam especialistas.
O déficit na meta pode até ser usado como estratégia para aprovar as reformas que tanto o governo precisa. Mas na soma geral do rombo nas contas públicas, de um deficit dessa magnitude que não é normal, como o próprio planejamento afirmou, aprovação agora depende de quem está cobrando a conta.
A próxima semana será decisiva para o governo federal aprovar as reformas e sua própria meta, mas a fórmula está mais que desenhada da dificuldade de uma pizza pequena para muitas bocas.. Temer vai precisar de muitos jantares e ampliar o diálogo para conseguir a boa vontade do Congresso. E sem consenso fica difícil concertar o rombo que foi apresentado.
A conta não está fechando.
A conta não está fechando.
Com: agência
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