Delatores da JBS podem perder benefício do acordo de delação se investigação determinada por Janot comprovar que eles omitiram informações
O procurador-geral da República Rodrigo Janot disse em pronunciamento nesta segunda-feira (4), que a procuradoria estuda possibilidade de cancelar benefícios dos executivos do grupo J&F, por omissão de informação por parte dos delatores, informando abertura de investigação, que poderá resultar em cancelamento total da delação. O que não irá inviabilizar as provas da delação, segundo Janot, adquiridas até agora.
Decisão partiu após estudo de conteúdo de áudios de quatro horas, obtidos pelos investigadores na última quinta-feira (31), com conteúdo classificados por Janot de "gravíssimo", nos quais um dos donos da empresa, Joesley Batista, conversa com Ricardo Saud, diretor institucional da J&F e um dos delatores da Lava Jato.
Janot informou que fato novo não mexe no calendário de sua gestão, reforçando que não deixa "atos do ofício até o dia 17 de setembro", data que termina mandato do chefe da procuradoria.
Segundo o procurador-geral, se investigação confirmar que os irmãos Batista omitiram informações, eles poderão perder todos os benefícios. A medida atinge três dos sete executivos da empresa que fecharam a delação, além do advogado da empresa, Francisco de Assis e Silva.
De acordo com Janot, áudios comprometem o ex-procurador da República Marcelo Müller, que abandonou o serviço público para se dedicar à advocacia - que incluí a defesa da JBS. Miller é o único entre os procuradores que já fizeram parte do chamado GT - o grupo de trabalho do procurador-geral na Lava Jato - a deixar a carreira para advogar, até o momento. Ele atuou nos acordos da Odebrecht e do senador cassado Delcídio Amaral. Janot informou que uma procuradora encontrou um áudio de conduta em "tese criminosa atribuída ao ex-procurador". O trabalho dele na PGR foi de maio de 2015 a julho de 2016 com exoneração no dia 5 de abril.
Além do ex-procurador, os áudios analisados durante o fim de semana segundo Janot, revelaram um diálogo longo entre dois colaboradores, "com referências indevidas à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Os delatores que poderão perder os benefícios oferecidos no acordo de colaboração, devem se defender nos próximos dias em depoimento já previsto.
Íntegra do pronunciamento
"Determinei hoje [segunda] a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para assinatura do acordo de delação no caso JBS. Áudios com conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente, na quinta-feira, às 19h", afirmou Janot na entrevista concedida no auditório da PGR, em Brasília no início da noite de hoje.
*Com agência
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